PADROEIRO


A festa da liturgia católica em homenagem a Senhor Bom Jesus de Cuiabá, na data de 1º de Janeiro, realiza-se em procissão, todos os anos desde a sua chegada ao antigo arraial.
A imagem do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, que se encontra instalada no altar mor da Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá,  é um monumento passível de varias leiturase interpretações que o historiador pode utilizar para desenvolver o seu oficio. Pensando assim a elegermos documentos referendado deste trabalho. E agente propulsor das reflexões aqui construídas.
Ao adentrarmos nesta representação da fé católica local, ou seja a Basílica,  encontramos postada no centro do imponente mosaico de pedras coloridas, representando a Glória do Cristo Rei
Esculpida em madeira,  no século XVII, por mãos  femininas,  tem os  traços leves e finos,  Seus olhos são castanhos, diferente das outras imagens de Jesus que são azuis,  este Jesus não traz a serenidade no olhar. Sua feição é altiva, não expressa nenhum sofrimento, por mais que em seu rosto escorra filetes de sangue.  Sua boca é  bem contornada e em sua volta, aparece uma barba ondulada. Sua cabeleira Castanha é farta,  cobre os ombros em forma de cachos, cabelos natural ou seja humano. No alto da cabeça um Resplendor de ouro usado nas procissões, e não é  coroa de espinhos.
O Resplendor de ouro, diferente da coroa de espinhos que exprime o sofrimento,  é símbolo da Glória do Senhor que venceu a morte,  é o triunfo da vida, por isso o seu uso nas procissões. É a exaltação da vida de Jesus na magnitude, e a Ostentação do poder divino.

Seus braços estão cruzados e atados um pouco abaixo do peito e na mão direita segura um pedaço de colmo de cana , no caso de Açúcar,  em prata e à guisa de Cetro. Ao colocarem nas mãos de Jesus um centro de cana, retomam a humilhação que este sofreu ao apanhar com pedaço de cana antes de sua caminhada no Calvário . Tanto o cetro de  cana como a coroa de espinhos procuram representar a sujeição do Cristo homem, despido das vaidades humanas entregue a irá de seus algozes.
Os ombros nus estão cobertos por um manto de veludo vermelho todo bordado com fios dourados, contornado por passamanaria também dourada O Manto é também componente  da ostentação da Glória divina.
Os órgãos genitais encontram-se ocultados por um perisômio esculpido da própria imagem. As pernas são bem torneadas e na esquerda escorre dois fios vermelhos de sangue.
Pés descalços,  pousadas em uma plataforma de madeira que o sustenta de pé, mede aproximadamente um metro e meio de altura.
Ao instalarem a  imagem do Senhor Bom Jesus de Cuiabá no altar-mor da igreja, esta arte sacra tem um sentido para o conjunto de pessoas que estão familiarizadas com a práticas religiosas  da igreja católica ou do Mundo Cristão. Fora desse contexto seria apenas uma figura humana,  esculpida em um pedaço de madeira
A análise da imagem do Senhor Bom Jesus de Cuiabá situa-se nessa perspectiva, uma vez que pode ser identificado como uma imagem que representa Cristo, por um conjunto de pessoas que comungam estas práticas culturais da igreja Católica.
A imagem do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, portanto, dilui-se na identidade do povo cuiabano, tornando-se uma simbiose que acompanha essa população desde 1729, quando Jacinto Barbosa Lopes erigiu uma igreja coberta de palha em sua homenagem.
Neste espaço urbano, bem no centro da cidade, que um dia foi igreja Matriz, Catedral e hoje é Basílica menor do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, nasceu e cresceu na memória da comunidade cuiabana a construção do ícone Bom Jesus.

O imaginário da sociedade cuiabana foi sendo construído a partir desse ícone-símbolo, que em momentos de dificuldades era calorosamente invocado pela população que saía as ruas em procissão, cantando louvores e solicitando a sua proteção.
A imagem, sorrateiramente, foi tomando maior dimensão no imaginário da população até tornar-se padroeira da cidade na mesma proporção, a capela coberta de palha também tornava-se Igreja-Matriz-Catedral, sinônimo de opulência para a sociedade católica local.
Segundo Estevão de Mendonça, os cabelos anelados que adornam a fronte da imagem representam uma dádiva de uma jovem cuiabana, Babuia era seu apelido, que deles se desfez, em cumprimento de voto, à confiança em ser amparado nos momentos de dificuldades financeiras, amorosas ou de saúde, os fíeis fazem promessas ao Bom Jesus, como sacrifícios em troca das graças alcançadas. O que provavelmente fez Babuia, ao cortar as suas madeixas e oferta-las ao seu Senhor, como prova de gratidão.



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